O mundo vive, desde 2007, numa intensa crise económica que parece não ter resolução à vista. Porém, os grandes desafios que esta crise levanta são muito mais do simples questões de dinheiro (ou falta dele), são de ordem alimentar.
Hoje existem mais de 900 milhões de pessoas subnutridas no mundo. Estamos perante um cenário muito complicado.
A subida dos preços dos produtos alimentares, especialmente nos países em desenvolvimento, é um problema que surgiu, efectivamente, a partir de 2004, com o aumento da procura em detrimento da produção, mas que se pode agravar ainda mais com a actual crise em que o mundo está mergulhado. Cada vez mais pobres, muitas famílias não conseguem sequer pôr comida na mesa. Em Portugal, pelo menos 300 mil pessoas passam fome. A fome e a pobreza são, assim, dois problemas que não podem ser dissociados.
Preocupada com esta conjuntura de fome e pobreza por todo o globo, a Organização das Nações Unidas teme que a crise alimentar global que afectou o mundo entre 2007 e 2008 possa voltar a acontecer caso os governos não adoptem medidas urgentes para travar a alta de preços. A ONU procura, por isso, estabelecer “uma cooperação forte e firme” entre “governos, sociedade civil e privados” de todo o mundo, para reverter este cenário. Quanto a esta cooperação, há duas questões interligadas que têm urgentemente de ser analisadas: a questão imediata da subida de preços que afectam significativamente os países dependentes da exportação de produtos e as pessoas mais pobres; e o problema, a longo prazo, de com produzir, comercializar e consumir alimentos em momento de crescimento da população e de mudanças climáticas que são muito influentes na, já referida, subida de preços.
Contudo, as causas desta crise não se resumem apenas a problemas climáticos como por exemplo a seca que, recentemente, destruiu a colheita de milho dos Estados Unidos da América, mas também à utilização de produtos agrícolas (como o milho, trigo e outros cereais) para a produção de biocombustíveis. Tendo em conta os sucessivos aumentos do petróleo, a utilização destes cereais para esse fim pode tornar-se numa alternativa cada vez mais viável. Desta forma, a crescente procura de milho, por exemplo, pode proporcionar novos aumentos e, por consequência, aumenta a escassez deste cereal para fins alimentares.
O mundo caminha a passos largos em direcção ao abismo e é preciso travar essa marcha, sob pena de todos estes problemas (acima referidos) tenderem a complicarem-se. Os produtores terão cada vez maiores dificuldades em lidar com as crises financeiras e climáticas. Por sua vez, os consumidores terão cada vez maiores dificuldades em adquirir os produtos essenciais, uma vez que estes são vitais para o homem e, por isso, em épocas de escassez, são mais caros. Torna-se num ciclo vicioso que necessita de uma solução rápida, eficaz e universal. O futuro da alimentação é uma das maiores incógnitas do mundo actual e tem de ser pensado no presente. Urge a adopção de uma política igualitária e que tenha disponha das mais variadas soluções para os mais variados problemas.