Com o aumento do desemprego, devido á crise económica, várias pessoas estão a voltar as terras. Os campos que rodeiam a vila de Sesimbra, e que até há bem pouco tempo não passavam de terrenos baldios, voltaram a ser cultivados. No mundo inteiro, cerca de 870 milhões de pessoas não tem acesso a alimentos.
No hemisfério Norte, as grandes superfícies comerciais desperdiçam várias toneladas de alimentos; alimento que dariam para alimentar os sem-abrigos que povoam as ruas de uma das capitais Europeias, como Lisboa. Em terra de pescadores, o mar já não dá peixe. Mas o vazio das redes foi compensado pelas caixas de madeira cheias de vegetais que ao Sábado, por detrás da rua da Fortaleza, enchem o olho das freguesas. O decréscimo do nível de vida das pessoas leva a que estas cortem e coisas tão básicas, como a alimentação. As latas de conserva passaram a fazer parte da alimentação das pessoas, já que o preço da carne e do peixe torna-os proibitivos na mesa dos mais necessitados. Este tipo de alimentação faz com que apareçam casos de malnutrição, detectados normalmente nos países apelidados como “em vias de desenvolvimento”. Em Portugal, já foram detectados vários casos de crianças que foram para a escola sem comerem e para combater esta situação, várias localidades passaram a abrir as cantinas escolares em período de férias. Este foi o caso de Sesimbra. A fome ainda é tema tabu, mas todos os dias chegam cada vez mais pedidos de ajuda a instituições de apoio social, como o Banco Alimentar contra a Fome. A grave crise que o país enfrenta é percebida quando as pessoas na altura das compras só podem comprar vegetais e quando os compram é o básico, para fazer uma sopinha. Sopinha que muitas vezes tem que dar para a pessoa, filhos e netos. Com o desemprego a afectar uma boa fatia da população activa, os filhos saem cada vez mais tarde da casa dos país e quando saem ficam dependentes delas para as coisas mais básicas, como a alimentação. Existem 360 mil portugueses a passarem fome e o número de mortes associado não é revelado. É nos mercados de rua, como aquele que é realizado em Sesimbra, que as pessoas vão “matar” a fome. A fome dos vendedores e dos compradores. Nos vendedores, existem aqueles que toda a vida foram feirantes e percorrem vários quilómetros para no sábado apresentarem os produtos bem frescos para serem consumidos pelos clientes. Mas existe um novo tipo de vendedor, o da necessidade. Aqueles que aos 40,50 ou 60 já são muito velhos para trabalharem e muito novos para entrarem na reforma. Estas pessoas, com filhos pequenos, cavam debaixo de sol e de chuva; levantam-se de madrugada para apanhar os transportes públicos (já que o pouco que tiram não lhes permite darem-se ao luxo de terem um carro), e ao meio- dia, quando os fregueses começam a ir para casa para prepararem o almoço, voltam para casa com apenas 10 euros ou um pouco mais. Um bom Sábado de manhã dá para fazer 20 euros. Só que muitas vezes, são esses 10 ou 20 euros que tem para sustentar a casa até ao fim-de-semana seguinte. Em África, com apenas 0,19 cêntimos poderíamos alimentar uma criança por dia. Em Portugal, uma couve tem que alimentar uma família de 5.