Henrietta Moore (antropóloga britânica contemporânea) teorizou: a fisiologia feminina faz com que o género seja símbolo comummente associado à natureza; o homem, por exclusão de partes, é o responsável pelo desenvolvimento tecnológico e intelectual da Humanidade.
Ultrapassada que está esta simbologia arcaica do género no Ocidente, a mulher continua, em culturas subdesenvolvidas africanas e orientais, a ser a única referência da esfera doméstica e das suas vertentes, entre as quais a agricultura para sustento próprio e do núcleo familiar. Até quando?
“A mulher cria vida naturalmente, através do âmago do seu próprio ser”. Não estando sujeito ao “carregar do fardo” que é ser o símbolo da renovação da espécie humana, o homem foi durante séculos visto como o responsável pelo desenvolvimento tecnológico e intelectual da Humanidade. Actualmente, são desconsideradas definições do que representa cada género, apesar da diversidade cultural que compõem o mundo a Ocidente.
A tendência ainda não contagiou o Oriente, no entanto. A maioria dos países em desenvolvimento de África, Médio Oriente e partes da Ásia, continuam por razões político-religiosas a condicionar um possível alargamento do rol de papéis que a mulher tem o direito de desempenhar no meio público de uma sociedade. A ligação da mulher ao domínio doméstico e às tarefas inerentes à subsistência do núcleo familiar (como a pecuária e a agricultura) é, sobretudo em países maioritariamente islâmicos, inquestionável e está ainda longe de ser considerado tema relevante a ser debatido em praça pública. O respeito à moral religiosa e o facto de a esfera pública, em nações nas quais não existe separação entre estado e igreja, maioritariamente contar apenas com participação de homens faz com que o género feminino continue a ser julgado como o que está “mais próximo da natureza” e que tem portanto o dever de contribuir com uma a juda e m “tarefas secundárias” às relevantes para o desenvolvimento da espécie humana nas mais diversas áreas científicas, essas desempenhadas pelo homem.
Na área da participação nos processos de paz e segurança da mulher, alguns avanços foram conseguidos e valeram o Nobel da Paz de 2011 à árabe Tawakkul Karman e às iemenitas Ellen Johnson Sirleaf e Leymah Gbowee. Mais problemático e moroso é o processo de inserção da mulher na esfera pública e a igualdade de oportunidades profissionais a serem disponibilizadas ao género ainda segregado, em sociedades assentes em voláteis princípios, seja no desenvolvimento de tarefas agrícolas enquanto actividade a desenvolver com fins lucrativos por conta própria, seja no desenvolvimento das mais variadas áreas científicas. A mulher continua aqui a ser o arcaico símbolo de natureza na forma humana, incapaz de fruir material com as mãos e com o intelecto, futuro – Cultura.