Dos quais a esmagadora maioria (98%, 852 milhões) habita em países em desenvolvimento. São estes os números apresentados pela FAO no seu mais recente relatório “O estado da insegurança alimentar no mundo 2012”. Apesar de uma queda considerável no número de famintos na América Latina e na Ásia, em África, nos últimos quatro anos, mais 20 milhões de pessoas foram lançadas numa situação de fome, levando a que um em cada oito habitantes do planeta sofre de má nutrição.
Durante a apresentação do estudo, José Graziano da Silva, diretor-geral da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), afirmou que alguns países estão a ter bons resultados na luta contra a fome e que a implementação de políticas coordenadas, certamente levará a que algumas regiões do mundo ainda possam atingir as metas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio.
O relatório destaca os bons resultados de alguns países na luta contra a fome. Por exemplo, na América Latina, Peru e Nicarágua (dois países onde a Oikos desenvolve projetos de Segurança Alimentar) conseguiram reduzir o problema em 54% e 49%, respetivamente. Globalmente, a região que mais êxito teve no combate à fome foi a Ásia, onde nos últimos 10 anos, 200 milhões de pessoas deixaram de ser ameaçadas pelas insegurança alimentar (só a China reduziu em 100 milhões o número de famintos).
Apesar de África continuar a ser um problema, Graziano da Silva destacou que enquanto alguns países continuam estagnados ou têm resultados negativos, outros apresentam avanços muito interessantes. "Infelizmente, em muitas regiões da África Subsaariana e no Corno de África vimos um aumento do número de pessoas com fome. É uma região em que temos enfrentado todos os tipos de problemas como secas, inundações, conflitos e vai em sentido oposto da tendência geral da redução da fome. Mas mesmo na África temos boas notícias: Gana, por exemplo, reduziu a fome em 87%, Mali, antes do conflito, tinha uma redução de 44% e Camarões de 35% e isso mostra que mesmo em situações adversas, quando há políticas coordenadas para promover o desenvolvimento agrícola, principalmente dos pequenos agricultores, como foi feito no Gana, elas dão resultados imediatos”.
A FAO relembrou ainda que apesar da atual crise económica global (que eliminou alguns dos ganhos no combate à fome) é inaceitável que no mundo ainda existam 100 milhões de crianças, com menos de cinco anos de idade, com atrasos no seu desenvolvimento devido a carências alimentares e que a comunidade internacional precisa esforçar-se mais para reverter o quadro da fome no mundo.