A FAO e a Bioversity aproveitaram o lançamento do livro “Sustainable Diets and Biodiversity“ para apelar à tomada imediata de medidas para promover dietas sustentáveis e biodiversidade agrícola, de forma a melhorar a saúde humana e a situação ambiental global.
O livro é composto pelas principais apresentações realizadas durante a Conferência Internacional “Biodiversity and Sustainable Diets: United Against Hunger”, que teve lugar em Novembro de 2010 durante o “World Food Week” e onde se explorou as ligações entre agricultura, biodiversidade, nutrição, ambiente, produção e consumo alimentar. O evento serviu para aprofundar a definição de “dieta sustentável”, um conceito introduzido nos anos 80 que propunha o desenvolvimento de recomendações no sentido das dietas passarem a originar não só consumidores mais saudáveis, mas também ambientes mais saudáveis. O conceito foi esquecido nos anos seguintes, tendo passado para segundo plano face ao objetivo de eliminar a fome sem olhar a meios.
“Passadas três décadas sabemos hoje que, independentemente dos muitos sucessos na área agrícola, os sistemas de produção e as dietas não são sustentáveis”, diz Barbara Burlingame, responsável pela Divisão de Nutrição e Proteção do Consumidor da FAO, no prefácio do livro. Com efeito, no mundo atual,1.000 milhões de pessoas passam fome, enquanto um número ainda maior sofre de obesidade, sofrendo ambos os grupos de carências nutricionais específicas (como falta de vitamina A, ferro ou iodo), e a situação nutricional mundial tende piorar.
Até agora, o problema de alimentar uma população mundial cada vez maior tem sido visto como uma questão de produzir quantidades suficientes de comida. Isto levou a que tenham sido abandonadas culturas tradicionais em prol de culturas altamente energéticas, uma vez que a agricultura industrial e a melhoria dos meios de transporte rápido permitiram a disponibilização massiva de hidratos de carbono e gorduras refinadas. Esta situação provocou uma simplificação das dietas, uma dependência global generalizada de um reduzido número de culturas: por exemplo três cereais – milho, arroz e trigo – fornecem 60% das calorias de origem vegetal consumidas globalmente. Outra consequência é o tremendo impacto negativo na saúde dos povos, tal como doenças não transmissíveis (como a diabetes e problemas cardiovasculares) que se estão a tornar nas novas epidemias globais, e no meio ambiente, com a IUCN a considerar que 36% das quase 48.000 espécies avaliadas estão ameaçadas.
Burlingame considera que as dietas sustentáveis podem “promover o consumo de alimentos cuja produção consuma menos água e emita menos carbon, preservar a biodiversidade alimentar (incluindo as culturas tradicionais) contribuindo para uma transição para sistemas agrícolas que sejam eficientes do ponto de vista nutricional, amigos do ambiente e resilientes às alterações climáticas”.
Um dos pontos interessantes a evidenciar é que o livro destaca a dieta mediterrânica como um bom exemplo de dieta sustentável.