Durante a cimeira Rio+20, o primeiro-ministro Jigmi Thinley anunciou que o Butão pretende tornar-se o primeiro país com 100% de agricultura biológica.
O governante anunciou que a maioria dos agricultores butaneses já produz alimentos segundo os princípios da agricultura biológica mas que nem todos estão certificados. O Programa Biológico do Butão foi lançado em 2007 e inclui um exigente programa de formação e medidas de incentivo como o acesso prioritário a apoios governamentais para agricultores que optem por utilizar métodos biológicos de produção. Thinley realça ainda que o objetivo não é apenas a proteção do ambiente, pois os agricultores estão a ser treinados para aumentar a produção de maneira a que o país se torne autossuficiente em alimentos, uma vez que, nos últimos anos o Butão viu-se forçado a importar arroz e outros alimentos da India para fazer face às suas crescentes necessidades alimentares).
O pequeno país, com 700 mil habitantes localizado entre a Índia e a China, volta a atrair a atenção da comunidade internacional, após, há alguns anos, ter decidido utilizar a Felicidade Nacional Bruta e não Produto Interno Bruto como medida para avaliar o progresso da nação.
Muitos céticos não estão convencidos que um Butão 100% biológico irá funcionar: têm sido levantadas questões como a relutância que os agricultores butaneses que já utilizam fertilizantes químicos têm em aderir à ideia ou se a prioridade deveria ser a auto-sustentabilidade, colocando a produção biológica como objectivo segundo e a longo prazo. Contudo, a experiência é bastante interessante e merece toda a nossa atenção e acompanhamento. Como diz Andre Leu, presidente da Federação Internacional dos Movimentos de Agricultura Biológica, “todos os problemas podem ser resolvidos, apenas é necessário mais alguns anos de investigação para alcançarmos soluções mais eficientes”, confiando que os centros de investigação de agricultura biológica no Butão serão capazes de definir métodos de produção biológica para aumentar o rendimento das produções no país.
Apesar das dúvidas e descrença de alguns, o projeto começa a ser replicado em outros locais, como nos estados indianos de Sikkim, onde um terço da agricultura já é biológica (pretendendo alcançar a totalidade em 2015) e Kerala, que começou em 2010 um período de transição de 10 anos para alcançar os 100% de agricultura biológica.