Um grupo de 15 cientistas publicou um artigo na CAB Reviews em que analisa as contribuições relativas de vários sistemas agrícolas para as emissões globais de gases de efeito de estufa, tendo chegado à conclusão que as práticas agroecológicas, muitas vezes utilizadas na agricultura familiar, conduzem à redução das emissões e ao aumento da resiliência às alterações climáticas.
Segundo dados do IPCC, globalmente, a agricultura contribui com 10 a 12% das emissões humanas anuais de gases de efeito de estufa. Outras fontes sugerem que este valor pode chegar mesmo aos 20%. Apesar destes valores serem alarmantes, é importante salientar que, tal como nos sectores da atividade humana, as emissões não são homogéneas dentro do sector, existindo práticas e modelos agrícolas que emitem muitos mais gases que outras.
Um grupo de 15 cientistas, liderado por Brenda Lin, publicou um artigo na CAB Reviews intitulado “Effects of industrial agriculture on climate change and the mitigation potential of small-scale agro-ecological farms”, em que explora as contribuições relativas de vários sistemas agrícolas para as emissões globais de gases de efeito de estufa. Neste trabalho os cientistas concluem que a agricultura industrial (ou convencional), caracterizada pela monocultura intensiva, utilização seletiva de apenas de variedades de elevado rendimento, redução dos períodos de pousio, elevado grau de mecanização e utilização intensa de agroquímicos, é responsável pela esmagadora maioria das emissões, quando comparada com práticas agrícolas ecológicas muito presentes na agricultura familiar.
Os autores concluem que as práticas agroecológicas, muitas delas utilizadas na agricultura familiar, como a diversificação de culturas, o repouso de solos ou a redução de agroquímicos, não só reduzem o consumo de energia (direta e indiretamente) e as emissões como também têm o potencial para melhorar o sequestro e retenção e carbono e aumentam a resiliência dos sistemas agrícolas, fundamental para enfrentar as alterações climáticas.
As diminuições significativas de emissões são alcançadas em três grandes áreas:
- redução da utilização e dos fluxos de materiais através de uma criteriosa escolha de práticas de cultivo agroecológicas
- redução dos fluxos associados à pecuária e gestão de pastagens
- enfâse nos sistemas alimentares locais (produção e consumo) implicando uma diminuição dos transportes associados aos inputs agrícolas e escoamento dos produtos.
Apesar dos autores reconhecerem que ainda existem bastantes barreiras para a adoção em larga escala de vários métodos de agricultura sustentável, consideram que uma política de incentivos incrementais poderá mudar as prioridades na gestão agrícola com impactos significativos na redução das emissões de GHG e no aumento da resiliência do sector agrícola.
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